Cosméticos: O que é o fenômeno "dupe" e por que ele é perigoso para a saúde?

"Alerta de imitação!" Nas redes sociais, especialmente no TikTok, centenas de milhares de vídeos de jovens mulheres destacam suas últimas descobertas como "imitações" de produtos cosméticos existentes. Base, batom, hidratante ou protetor solar: eles prometem os mesmos resultados que o original, por mais da metade do preço.
Primário da falsificação, "o fenômeno é mais sutil e, às vezes, difícil de identificar", afirma Xavier Guéant, diretor de assuntos jurídicos da Federação das Empresas de Beleza (Febea), que emitiu um "alerta" no Dia Mundial de Combate à Falsificação, 4 de junho. Mas esses produtos, "em número crescente" e "cada vez mais populares entre os jovens consumidores", representam "um risco à saúde", afirma.
O alvo da federação: produtos vendidos em plataformas de comércio eletrônico fora da União Europeia, principalmente asiáticas, como Temu, Shein ou AliExpress, e "fabricados fora de qualquer estrutura regulatória de higiene ou controle de qualidade". De acordo com um estudo da C-Ways realizado para a Febea em março de 2025, 31% dos franceses haviam comprado uma imitação nos doze meses anteriores, mas 96% deles desconheciam os riscos envolvidos.
"Na França, o sistema é robusto, mas assim que nos desviamos dessa estrutura e compramos de locais onde não há controles, nos expomos a múltiplos perigos", explica o Dr. Stéphane Pirnay, especialista em toxicologia e diretor da empresa Expertox. Além do risco de alérgenos, produtos de "má qualidade" podem conter substâncias "tóxicas", proibidas ou que excedem os limites autorizados, o que pode representar "riscos reais à saúde", insiste.
O toxicologista também alerta para o risco químico, já que alguns produtos testados contêm regularmente "metais pesados" ou "ftalatos", substâncias químicas consideradas disruptores endócrinos. Outro perigo identificado: o risco infeccioso, já que alguns produtos estudados podem conter diversos patógenos. "Estamos realmente surpresos ao ver todas as coisas que podemos encontrar em falsificações em geral: terra, pedras, excrementos, penas de pássaros", lista o Dr. Pirnay.
Sem proteção para protetores solaresLaurence Coiffard, professora de farmácia da Universidade de Nantes, especializada em cosmetologia, interessou-se pelos protetores solares vendidos nessas plataformas. Com sua equipe, ela analisou dois produtos falsificados com FPS 50+, além de algumas falsificações. O resultado: "Nenhum desses produtos continha filtros UV", revela. "Portanto, eles não oferecem proteção contra os raios UV, e há um grande perigo em usá-los", alerta, embora a exposição solar seja a principal causa de câncer de pele.
Para ela, sites como Temu ou AliExpress são "o nicho de vendas definitivo" para produtos falsificados ou copiados "onde eles podem reinar supremos", porque são comercializados sem atender aos requisitos regulatórios europeus.

De acordo com um estudo publicado pela Organização Europeia do Consumidor (BEUC) em fevereiro, mais de 80% dos produtos testados adquiridos na Temu não estavam em conformidade com a legislação europeia. No caso dos cosméticos, as violações mais significativas envolveram listas de ingredientes ausentes ou incorretas, dificultando a compreensão do conteúdo real dos produtos.